martes, 18 de diciembre de 2018

Economia


1) Economia brasileira:

4. Economia Política:
2) Economia Internacional
3. Macroeconomia:
2) Metodologia:

2. Microeconomia:

sábado, 10 de noviembre de 2018



Capítulo 4


Os capítulos 4 a 8 compõem o bloco concernente à parte intelectual da alma. É uma peça importante daquilo que seria uma teoria do intelecto de Aristóteles, a qual inclui não muitas outras passagens do corpus, das quais as principais são; Ética a Nicômaco VI, sobre as virtudes intelectuais; De Generatione Animalium II, 3, sobre o nous e embriões; Metafísica I, 1, e Segundos Analíticos II, 19, sobre a relação entre intelecto, memória e percepção sensível e, por fim, Metafísica XII sobre o primeiro motor imóvel. O tratamento que Aristóteles dispensa ao intelecto no De Anima revela certas anomalias ante o programa de investigação que estava em andamento. As capacidades vinham sendo examinadas das mais às menos gerais: primeiro a nutrição e a reprodução, que pertence a todos os animais. Era então de se esperar que a capacidade de locomoção, compartilhada pela grande maioria dos animais, fosse abordada antes que o intelecto, subsistente em poucos. A mudança de ordem talvez tenha a ver com o fato de existir alguma vantagem em tratar, lado a lado, as duas capacidades de discriminar objetos, principalmente em vista do problema que guia toda a discussão - saber qual a natureza da distinção, se é que há alguma, entre percepção sensível e intelecto. A segunda anomalia desse bloco é não começar pelo exame do objeto correlato - os inteligíveis - como ele tinha recomendado proceder [415a20-2]. E a razão talvez seja que é mais difícil compreender, nesse caso, o objeto que a atividade propriamente dita e a parte da alma responsável por ela.


O tema do capítulo é o intelecto passivo [nous pathêtikos], como dirá Aristóteles no próximo capítulo [430a24], que foi exaustivamente estudado pelos comentadores antigos. O capítulo divide-se em três partes principais. Aristóteles, primeiro, levanta duas questões a serem respondidas: uma, quanto à separação do intelecto, e outra, sobre como ocorre o pensar. Apresenta, a seguir, três argumentos para provar que o intelecto é separado, vale dizer, distinto da percepção sensível e desprovido de um órgão sensorial. Em seguida, distingue a atividade intelectual de discriminar a forma de um composta daquela de discriminar a sua, digamos, essência. Por fim, Aristóteles apresenta, e soluciona, dois impasses decorrentes de sua exposição.





429a10. O verbo conhecer [ginôskei] designa o aspecto mais teórico da atividade intelectual, e o verbo entender [phronei], seu aspecto mais prático, ambos voltados para objetos. Mas cabe sublinhar que conhecer não é uma atividade exclusiva do intelecto, e o termo tem ao menos uma ocorrência em que está ligado à atividade dos sentidos [GA 731a33]. Nesta passagem, é justamente a adição de phronei que distingue, ao que parece, o intelecto do sentido [427b6 ss.].


A primeira questão levantada - se o intelecto é uma parte efetivamente separada ou se é separável apenas em abstração - deve ser interpretada no sentido de saber se o intelecto é ou não uma das partes separada das demais capacidades da alma. Tendo apontado que as capacidades da alma são inseparáveis do corpo, Aristóteles frequentemente faz reservas quanto ao intelecto. Em 403a3-10, por exemplo, aponta que, na maioria dos casos, as ações e afecções da alma não ocorrem independentemente do corpo, embora o pensar pareça peculiar só à alma; caso nem mesmo isso ocorra sem imagens mentais, então o pensamento não seria independente do corpo. Em 423b24-7, ele observa que o intelecto e a potência teórica da alma parecem ser de um outro gênero, e só o intelecto admite, tal como o eterno, separar-se do corruptível.


Aristóteles, em suma, retoma a questão com que se ocupou nos capítulos anteriores deste terceiro livro, a qual consiste em saber se o intelecto é ou não uma parte efetivamente separada da percepção sensível ou se elas são apenas distintas em abstração.


429a13. Nesta passagem, Aristóteles apresenta dois argumentos para mostrar que o intelecto é separável, ou seja, uma parte distinta da percepção sensível. Os dois processos (pensar e perceber) - que, de acordo com 427b27, não são idênticos - serão assumidos, contudo, como análogos. Aristóteles sugere que a atividade do intelecto consiste em captar as formas inteligíveis, da mesma maneira que a percepção sensível consiste em receber as formas sensíveis sem a matéria. Com base nisso, sustenta que o intelecto deve ser apathes - impassível, isto é, não afetado - para não alterar as formas que apreende. O ponto foi apresentado por Platão em Timeu 50a-51a. E, tanto em um caso como em outro, a expressão paskhein ti significa não uma destruição pelo oposto (como no caso do calor, que, sendo afetado pelo frio, é destruído, dando lugar ao contrário), mas seguramente a passagem da potência à atividade.


A analogia entre sentido e intelecto, contudo, deve ser levada com cautela: o intelecto, como veremos, não tem órgão físico; o objeto inteligível, de certa maneira, está na própria alma, e por isso a análise em paralelo do intelecto e dos sentidos é imperfeita. A expressão sofrer algo é ambígua, e sofre algo pela sensibilidade é diferente de sofrer algo para o pensamento. De fato, Aristóteles é mais lacônico do que se esperaria no detalhamento das diferenças entre os dois.


Em outras palavras, nada tendo sofrido e sendo totalmente destituído daqueles objetos que tem de receber, o intelecto também não poderá ser afetado por eles em sua própria natureza, quando os tiver recebido (cf. CH, p. 476). Para que possa ser receptivo da forma, o intelecto deve ser não afetado e impassível. O primeiro argumento [a13-24[ pode ser assim reconstituído:


pensar é como perceber, no sentido de perceber a forma do que é pensado sem a matéria, e de tornar-se, de alguma maneira, semelhante a ela;


se o que pensa já tiver uma forma, não será possível que adquira forma alheia;


não há nada que não se possa pensar;


logo, o que pensa não tem qualquer forma, exceto esta: ser potencial, isto é, capaz de receber formas.


Foram apontados alguns problemas neste raciocínio. A primeira e terceira premissas parecem questionáveis: de que maneira o que pensa se torna semelhante a forma pensada? Aristóteles havia prometido explicar como ocorre a forma pensamento, mas dizer simplesmente que pensar é receber a forma do pensado parece não dar conta do recado. Cf. Charlton, “Aristotle on the Place of Mind in Nature”.





O intelecto precisa ser ainda amigê - sem mistura [a18] -, como disse Anaxágoras. Isto é, não misturado aos próprios objetos de cognição. Alguns intérpretes antigos suplementaram o termo: “o intelecto não é misturado à matéria”. Contudo, “parece mais razoável que Aristóteles primeiro chame atenção para os atributos em que intelecto e sentido concordam, antes de passar às suas não-similaridades” (cf. CH, p. 477). Sendo assim, amigês aproxima-se do significado de apathês, e até a linha a24 - “por isso, é razoável que tampouco ele seja misturado ao corpo” - o que está em jogo é a relação do intelecto com seus objetos. Só a partir deste ponto é que Aristóteles se ocupará da relação entre intelecto e matéria. Aristóteles apresenta agora um segundo argumento para provar que o nous é separável do corpo [a24-9]. Pois, se fosse misturado ao que é corpóreo, o nous seria dotado de alguma qualidade - por exemplo, teria uma certa temperatura - e disporia de um órgão corpóreo específico para o pensamento - e se o cérebro tem algum papel, para Aristóteles, este se liga principalmente à refrigeração do corpo. Msa isso não parece provar que o pensar independa de todo de eventos fisiológicos. Como ele mesmo havia apontado, se o pensamento requer imagens mentais, então nem mesmo ele ocorreria sem o corpo.


Se o intelecto fosse material, não poderia receber simultaneamente a forma do calor e a forma do frio; se fosse imaterial como a sensibilidade, mas dotado como ela de um órgão corporal, o estado desse órgão impediria de receber as formas em sua pureza e mesmo apanhar algumas delas, assim como a constituição física do tato o torna impróprio à percepção de certas temperaturas [...] (cf. CRod, p. 439).


Mas as implicações últimas do argumento talvez tenham sido captadas por Hicks: uma coisa incorporal pode ser dita per acidens misturada ao corpo, e essa extensão imprópria do termo mistura pode ser usada para denotar a união da forma e da matéria na coisa concreta. É nesse sentido que Aristóteles nega ao intelecto mistura com o corpo. Como parte da alma, o intelecto reside no corpo todo e usa-o como seu órgão. Se não exatamente “misturado ao” corpo, o intelecto é, em todos os eventos, dependente do corpo, sem o qual ele não poderia ser suplementado com imagens mentais. Deve ser, portanto, em relação a suas operações que estamos considerando a questão da mistura ou não-mistura com o corpo. A recepção das formas que constitui o pensar deve ocorrer sem a intervenção do corpo (cf. CH, p. 481).





429a29. A linha geral deste terceiro argumento seria a seguinte: um objeto perceptível muito forte atua sobre o órgão de maneira que tende a destruí-lo; se objeto inteligível, seu excesso produziria resultado similar. Mas não é o caso; logo, o intelecto é separável, isto é, existe independentemente do órgão físico.


Em suma, o intelecto deve ser não misturado a nada, já que pensa tudo. E assim, de acordo com Aristóteles, o intelecto é em potência tal como todas as coisas, mas, em ato, absolutamente nenhuma delas. A concepção do intelecto como pura potencialidade, nesse sentido, é uma consequência direta de sua ideia de que é possível pensar todas as coisas. Contudo, há pontos obscuros sobre o status do intelecto: como é possível que ele seja potencialidade de órgão nenhum, isto é, em relação a essa parte da alma, o que significa exatamente o termo noêtikon - intelectivo ou capaz de pensar -, se não é capacidade de um órgão corporal? “O melhor que se pode dizer é que a capacidade ou potencialidade em questão concerne ao homem todo e é dependente das outras faculdades que têm órgãos” (cf. CHa, p. 136).


Tendo apontado nesta primeira diferença - o intelecto não é capacidade de um órgão corporal -, Aristóteles mostra uma diferença em b6-10. Em relação ao intelecto, é preciso distinguir dois graus de potência: o intelecto, por um lado, é uma dynamis ou potência - por exemplo, no sentido em que toda e qualquer criança tem capacidade intelectual de aprender a ler por fazer parte do gênero humano. Mas o intelecto, por outro lado, também é uma potência no sentido de que é uma disposição ou habilidade intelectual adquirida que pode entrar em atividade tão logo o próprio sujeito que dela dispõe decida - por exemplo, como dizemos que tem potência para ler aquele que já foi alfabetizado, embora eventualmente não esteja no pleno exercício da leitura.


Em outras palavras, no caso do intelecto, a potencialidade se dá em duas etapas, as quais correspondem respectivamente a dynamis e hexis. No caso da percepção sensível, por sua vez, os animais já vêm “instruídos” pelo genitor [417a16 ss.]: e não precisamos aprender a ver para dispormos da visão quando quisermos. Porém, sem termos sido instruídos, não temos à nossa disposição, por exemplo, a habilidade de calcular ou ler.


Aristóteles distingue, ainda, potências irracionais - por exemplo, o quente é só capaz de aquecer - de potências racionais - por exemplo, a capacidade do médico de tanto pode curar como adoecer. A percepção sensível é uma potência irracional a medida em que é um capacidade para uma mudança natural em apenas uma direção dada. O intelecto é uma potência racional, pois é uma capacidade para opostos (por exemplo, tanto para o vício como para a virtude: e é por treino e atividade que se elimina a disposição de um deles e se reforça a outra).


A distinção dynamis/hexis/energeia é apresentada em Fis. VIII, 4, em Met. V, 20. A hexis é um substantivo formado a partir de verbo ekhô - ter -, e indica o ato de possuir. Se entre o que produz e o que é produzido encontra-se a produção [poiêsis], da mesma maneira encontra-se, entre o que tem e aquilo que é tido, a hexis ou ação de posse, a qual, por sua vez, é oposta à privação [sterêsis]. “Hexis, em um segundo sentido, é uma certa disposição [diathesis] segundo o qual se está ou bem ou mal disposto” [Met. 1022b10-4]. A saúde e a virtude são uma certa hexis.





429b10. Nesta segunda parte, está em jogo a distinção entre a intelecção da forma - que é levada a cabo pelos sentidos e pelo intelecto - e a intelecção, digamos, da essência e, para usar a locução empregada pelo próprio Aristóteles, “do que é ser o que é”, que é uma realização exclusivamente intelectual. Aristóteles lança mão da distinção entre a forma realizada na matéria e a essência, para mostrar que o intelecto é uma parte da alma separada das demais.


Alguns comentadores modernos tomam essa distinção como entre a coisa concreta - apreendida pelos sentidos - e a forma, essência ou quididade. Já que conhecemos a carne e coisas semelhantes pelo sentida e as formas ou quididades pelo intelecto, Aristóteles parece discutir a seguinte questão: são os sentidos e o intelecto diferentes ou é a mesma faculdade em atitudes diferentes? A diferença entre as duas faculdades foi assumida o tempo todo (e.g. 413b24 ss., 414b16ss.) com base no facto de que os animais possuem sensação, mas não intelecto. É possível que Aristóteles esteja retomando a questão, deixada inconclusa em 429a1l de saber qual é o tipo ou grau de separação entre o intelecto e o resto das faculdades. Poderia parecer que o intelecto é, depois de tudo, apenas os sentidos em uma diferente relação, pois algumas considerações favorecem tal visão. Ao longo do tratado, Aristóteles esteve sempre hostil à aceitação de distintas partes da alma e onde ele aceita isso como uma hipótese de trabalho é sobre protesto, como , por exemplo, em 432a22 ss. A unidade essencial da alma é enfatizada sempre [...]. Além disso, em outros textos, ele aproxima sentido e pensamento [P. Anal. 100a7, Met. 1087a19, EN 1143a35 ss.], cf. CH, p. 487.


Rodier tentou uma explicação diferente. Ele assume que carne é um termo ambíguo, pois se refere tanto (a) à carne particular, que é conhecida pelos sentidos, como (b) à carne universal, que é conhecida pelo intelecto. No caso (a), a carne e sua quididade são julgadas por duas faculdades diferentes; no caso (b) a carne e sua quididade são discernidas pela mesma faculdade, a saber, o intelecto em duas atitudes distintas. Cf. CRod, p. 448.


O fato é que nem os comentadores antigos, nem os modernos, conseguiram dar uma explicação satisfatória para esta passagem. A mais geralmente seguida é a de Themistius: para capturar as formas separadas, o intelecto se basta; para capturar as formas com a sua matéria, o intelecto precisa de percepção sensível. Quando o intelecto conhece as formas em si mesma, ele é simples como a linha reta, e quando ele captura as coisas - matéria e forma -, ele é composto tal como a linha quebrada, Cf. CRod, p. 445.


O mais correto, por conseguinte, será dizer que é a mesma faculdade que captura as formas puras e as formas realizadas na matéria, mas que ela não se comporta igualmente nos dois casos.


Na minha maneira de ver, a passagem é mais compreensível seguindo o sentido que lhe deram os antigos. A grandeza, a água e a carne - bem como o adunco - não são, parece-me, apreendidas exclusivamente pelos sentidos. A teoria aristotélica da percepção sensível é clara neste ponto: os sentidos recebem as qualidades que lhe são correlatas, como a cor, o som, a temperatura etc.; mas que algo é carne, grandeza, água, isto apenas acidentalmente se apreende pelos sentidos, e é o intelecto, por meio deles, que captura tais noções. A forma será, então, algo apreendido pela cooperação entre sentidos e intelecto. A forma, por sua vez, inclui certas características gerais, mas não é idêntica à essência (a forma do homem realizada em uma matéria determinada inclui, por exemplo, um certo sexo, que não é uma característica acidental da mesma natureza que ser um músico ou ser filho de beltrano). A essência do homem, por outra lado, exclui essa característica formal e é ainda mais abstrata. Ela é uma noção morfológica e compreende somente aquela características relevantes a uma explicação teleológica [Met. 1058b2; GA 778a29, b19; PA 640a33-b4].





429b18. A mesma distinção feita no parágrafo anterior - entre intelecção da forma e intelecção da essência - é agora aplicada às entidades matemática, que parecem puras abstrações, mas são tal como o adunco e não têm existência separada. Porém, há uma diferença entre a matéria perceptível do adunco e a matéria inteligível da reta [Met. 1036a4-12]. A reta pode ser analisada em dois aspectos logicamente distintos: o material, em que é algo que existe como comprimento e contínuo (no espaço), e o formal, em que é uma dualidade e aquilo que se estende de um ponto a outro. Sobre a não-existência independente das entidades matemáticas, ver ainda Metafísica VI, 1.


Nessas condições, é claro que o intelecto lida com diversos graus de separação entre forma e matéria, e este parece ser o sentido da última frase.


429b22. São apresentados os dois problemas que ainda pedem solução: (1) como o intelecto pode pensar, sendo simples e não afetado, como pretende Anaxágoras, se o pensar é justamente uma maneira de afetação pelo inteligível? (2) será o próprio intelecto um objeto inteligível a si mesmo? Aqui está em jogo o mesmo problema colocado anteriormente para a sensibilidade no que diz respeito à percepção do próprio ato de percepção sensível. Mas isso parece apresentar um dilema. Se o intelecto pensa a si mesmo, é por ser inteligível. Ora, se tudo o que é inteligível é idêntico em forma, isto é, se a inteligibilidade do intelecto é igual à de outra inteligível qualquer, então temos duas possibilidades: ou os outros inteligíveis também seriam intelectos que podem pensar a si mesmos, ou haveria algo misturado ao intelecto, diferenciando-o dos demais inteligíveis. Neste caso, contudo, seria inadequado pretender que o intelecto é algo simples e sem mistura.





429b29. A passagem é excessivamente sucinta e os comentadores sentiram necessidade de suplementá-la de alguma maneira. Todavia, o sentido deste parágrafo final é relativamente claro, e Aristóteles pretende apresentar possíveis soluções para os dois problemas levantados nos parágrafo anterior. Para lidar com o primeiro, ele repete, aproximadamente, o mesmo esquema que empregou para a percepção sensível: o intelecto antes de pensar é somente em potência os inteligíveis e nada em atualidade.


Cabe notar que a teoria aristotélica do intelecto que está sendo construída é radicalmente distinta da noção platônica de reminiscência. Segundo Platão, os verdadeiros objetos do conhecimento são formas que não podem ser capturadas pela percepção sensível. Sem dúvida, a percepção sensível oferece a oportunidade e o estímulo para que a alma tenha uma recordação das formas que contemplou antes de encarnar. O papel da sensação na aquisição do conhecimento é apenas o de ajudar o intelecto a resgatar as formas exatas que a alma traz em si e que constituem os princípios da ordem do mundo. Para Aristóteles, por sua vez, o intelecto deve ser apto a receber inscrições, tal como uma tabuleta onde nada está escrito em ato e tudo potencialmente poderá ver a ser escrito. Esta é a força, a meu ver, da imagem escolhida por ele para descrever a potencialidade do intelecto. Mas é preciso cautela na analogia: a tabuleta não representa literalmente o intelecto, na medida em que ela é algo efetivamente existente (e o intelecto, por sua vez, é mera potencialidade), o que ambos têm em comum é a aptidão para receber inscrições.


O segundo dilema - que na verdade envolve a distinção entre o que é ser para o intelecto e o que é ser para o inteligível - dissolve-se na medida em que não é verdadeiro afirmar que o inteligível é uno em espécie. As coisas materiais, embora sejam inteligíveis, tanto quanto o intelecto, só são inteligíveis em potência, e não são justamente por isso intelectos. Pois não é com inteligíveis em potência, mas com inteligíveis em atualidade, que o intelecto é idêntico no processo de pensar. O inteligível, referido nesta passagem como o que é independente de matéria, é aquilo que no próximo capítulo será examinado como adeareton; em relação a ele, Aristóteles dirá que não cabe o falso ou verdadeiro, mas algo como captar ou não captar, ocorrer opressão ou não ocorrer - como é o caso da percepção do objeto sensível próprio a cada sentido. Ele lança, por fim, um novo item em sua pauta: é preciso investigar a razão de o intelecto não estar o tempo todo pensando.


Para uma interpretação arrojada que subverte a maneira tradicional de aplicar as distinções entre dynamis, hexis e energeia à parte intelectual da alma - isto é, [a] a potencialidade intelectual do gênero humano, [b] aquela de um indivíduo que já dispõe do conhecimento da gramática e [c] a atividade de pensar propriamente dita -, ver Zingano, Razão e sensação em Aristóteles. Sua (sedutora) estratégia, em poucas palavras, consiste em inverter, de certa maneira os aspectos [b] e [c]: pensar será, então, primeiramente a atividade de produzir inteligíveis e, secundariamente, dispor e ter em potência os inteligíveis já pensados. Ela, por um lado, resolveria (a favor do estagirita) uma querela (por demais abrangente) que se arrastou, sobretudo entre os franceses, a respeito da avaliação do avaliação do esforço de Aristóteles de substituir o idealismo platônico por uma teoria do intelecto. Além disso, acentua a distinção entre a percepção sensível e o pensamento - buscada, sem dúvida, por Aristóteles - e emprega um surpreendente método contrastivo (apresentado em Tópicos) que permite comparações dentro de um mesmo gênero, e que estaria em jogo também em De Anima III, 4-5 (já que tanto uma como a outra são partes da alma do gênero discriminativo). A interpretação, contudo, requer alterações discutíveis no estabelecimento do texto e o recurso não menos polêmica a uma hipótese de cunho geneticista.





Capítulo 5





Este é o célebre capítulo em que Aristóteles distingue o aspecto passivo do intelecto, tal como foi exposto no capítulo anterior, do aspecto ativo, para o qual a hermenêutica acadêmica criou a expressão nous poiêtikos. Vale observar que o próprio Aristóteles não usa o termo consagrado pelos intérpretes, de maneira que é recomendável alguma cautela para não cindir a unidade do intelecto mais do que o permitido por essa distinção de caráter metafísico.


Aristóteles, no capítulo anterior, sustentou as seguintes teses, que agora são explicitamente atribuídas ao nous pathêtikos [430a24]: (a) ele é inteiramente não afetado e não misturado a seus objetos, e por isso pode pensar tudo; (b) seu objeto (o inteligível) é a forma-substância, que ou se encontra separada em ato, ou esetá misturada aos objetos sensíveis compostos; e © o intelecto em atividade é idêntico a seu objeto em atividade, além de (d) desprovido de um órgão corporal específico. Tudo isso sugere que, nesta modalidade de recepção do objeto, a mente se torna inteiramente conformada ao que está sendo conhecido. Neste capítulo, por sua vez, o aspecto do nous que pode assim se tornar todo e qualquer inteligível é distinguido daquele que pode produzi-los (similar a uma arte [a7]): ele primeiro é descrito como uma hexis (similar à luz [a15]) e, depois, como uma energeia [a18].


O texto do capítulo, segundo Ross, pode ter sofrido perda de partes importantes, embora seu estado de conservação não seja tão ruim quanto o do capítulo 6. Sua concisão é quase enervante, Aristóteles é mais alusivo do que de costume, como se tivesse escrito às pressas - o que seguramente não deve ser o caso. Os comentadores insistem demais, talvez por esse motivo, na estreita conexão dessa passagem do De Anima com a Metafísica XII (livro lambda), cap. 6 e 9. Para uma breve exposição das interpretações dos comentadores antigos sobre o nous poietikos, ver Brentano, “Nous poiêtikos: survey of earlier interpretations”.





430a10.


Capítulo 4


Os capítulos 4 a 8 compõem o bloco concernente à parte intelectual da alma. É uma peça importante daquilo que seria uma teoria do intelecto de Aristóteles, a qual inclui não muitas outras passagens do corpus, das quais as principais são; Ética a Nicômaco VI, sobre as virtudes intelectuais; De Generatione Animalium II, 3, sobre o nous e embriões; Metafísica I, 1, e Segundos Analíticos II, 19, sobre a relação entre intelecto, memória e percepção sensível e, por fim, Metafísica XII sobre o primeiro motor imóvel. O tratamento que Aristóteles dispensa ao intelecto no De Anima revela certas anomalias ante o programa de investigação que estava em andamento. As capacidades vinham sendo examinadas das mais às menos gerais: primeiro a nutrição e a reprodução, que pertence a todos os animais. Era então de se esperar que a capacidade de locomoção, compartilhada pela grande maioria dos animais, fosse abordada antes que o intelecto, subsistente em poucos. A mudança de ordem talvez tenha a ver com o fato de existir alguma vantagem em tratar, lado a lado, as duas capacidades de discriminar objetos, principalmente em vista do problema que guia toda a discussão - saber qual a natureza da distinção, se é que há alguma, entre percepção sensível e intelecto. A segunda anomalia desse bloco é não começar pelo exame do objeto correlato - os inteligíveis - como ele tinha recomendado proceder [415a20-2]. E a razão talvez seja que é mais difícil compreender, nesse caso, o objeto que a atividade propriamente dita e a parte da alma responsável por ela.


O tema do capítulo é o intelecto passivo [nous pathêtikos], como dirá Aristóteles no próximo capítulo [430a24], que foi exaustivamente estudado pelos comentadores antigos. O capítulo divide-se em três partes principais. Aristóteles, primeiro, levanta duas questões a serem respondidas: uma, quanto à separação do intelecto, e outra, sobre como ocorre o pensar. Apresenta, a seguir, três argumentos para provar que o intelecto é separado, vale dizer, distinto da percepção sensível e desprovido de um órgão sensorial. Em seguida, distingue a atividade intelectual de discriminar a forma de um composta daquela de discriminar a sua, digamos, essência. Por fim, Aristóteles apresenta, e soluciona, dois impasses decorrentes de sua exposição.





429a10. O verbo conhecer [ginôskei] designa o aspecto mais teórico da atividade intelectual, e o verbo entender [phronei], seu aspecto mais prático, ambos voltados para objetos. Mas cabe sublinhar que conhecer não é uma atividade exclusiva do intelecto, e o termo tem ao menos uma ocorrência em que está ligado à atividade dos sentidos [GA 731a33]. Nesta passagem, é justamente a adição de phronei que distingue, ao que parece, o intelecto do sentido [427b6 ss.].


A primeira questão levantada - se o intelecto é uma parte efetivamente separada ou se é separável apenas em abstração - deve ser interpretada no sentido de saber se o intelecto é ou não uma das partes separada das demais capacidades da alma. Tendo apontado que as capacidades da alma são inseparáveis do corpo, Aristóteles frequentemente faz reservas quanto ao intelecto. Em 403a3-10, por exemplo, aponta que, na maioria dos casos, as ações e afecções da alma não ocorrem independentemente do corpo, embora o pensar pareça peculiar só à alma; caso nem mesmo isso ocorra sem imagens mentais, então o pensamento não seria independente do corpo. Em 423b24-7, ele observa que o intelecto e a potência teórica da alma parecem ser de um outro gênero, e só o intelecto admite, tal como o eterno, separar-se do corruptível.


Aristóteles, em suma, retoma a questão com que se ocupou nos capítulos anteriores deste terceiro livro, a qual consiste em saber se o intelecto é ou não uma parte efetivamente separada da percepção sensível ou se elas são apenas distintas em abstração.


429a13. Nesta passagem, Aristóteles apresenta dois argumentos para mostrar que o intelecto é separável, ou seja, uma parte distinta da percepção sensível. Os dois processos (pensar e perceber) - que, de acordo com 427b27, não são idênticos - serão assumidos, contudo, como análogos. Aristóteles sugere que a atividade do intelecto consiste em captar as formas inteligíveis, da mesma maneira que a percepção sensível consiste em receber as formas sensíveis sem a matéria. Com base nisso, sustenta que o intelecto deve ser apathes - impassível, isto é, não afetado - para não alterar as formas que apreende. O ponto foi apresentado por Platão em Timeu 50a-51a. E, tanto em um caso como em outro, a expressão paskhein ti significa não uma destruição pelo oposto (como no caso do calor, que, sendo afetado pelo frio, é destruído, dando lugar ao contrário), mas seguramente a passagem da potência à atividade.


A analogia entre sentido e intelecto, contudo, deve ser levada com cautela: o intelecto, como veremos, não tem órgão físico; o objeto inteligível, de certa maneira, está na própria alma, e por isso a análise em paralelo do intelecto e dos sentidos é imperfeita. A expressão sofrer algo é ambígua, e sofre algo pela sensibilidade é diferente de sofrer algo para o pensamento. De fato, Aristóteles é mais lacônico do que se esperaria no detalhamento das diferenças entre os dois.


Em outras palavras, nada tendo sofrido e sendo totalmente destituído daqueles objetos que tem de receber, o intelecto também não poderá ser afetado por eles em sua própria natureza, quando os tiver recebido (cf. CH, p. 476). Para que possa ser receptivo da forma, o intelecto deve ser não afetado e impassível. O primeiro argumento [a13-24[ pode ser assim reconstituído:


pensar é como perceber, no sentido de perceber a forma do que é pensado sem a matéria, e de tornar-se, de alguma maneira, semelhante a ela;


se o que pensa já tiver uma forma, não será possível que adquira forma alheia;


não há nada que não se possa pensar;


logo, o que pensa não tem qualquer forma, exceto esta: ser potencial, isto é, capaz de receber formas.


Foram apontados alguns problemas neste raciocínio. A primeira e terceira premissas parecem questionáveis: de que maneira o que pensa se torna semelhante a forma pensada? Aristóteles havia prometido explicar como ocorre a forma pensamento, mas dizer simplesmente que pensar é receber a forma do pensado parece não dar conta do recado. Cf. Charlton, “Aristotle on the Place of Mind in Nature”.





O intelecto precisa ser ainda amigê - sem mistura [a18] -, como disse Anaxágoras. Isto é, não misturado aos próprios objetos de cognição. Alguns intérpretes antigos suplementaram o termo: “o intelecto não é misturado à matéria”. Contudo, “parece mais razoável que Aristóteles primeiro chame atenção para os atributos em que intelecto e sentido concordam, antes de passar às suas não-similaridades” (cf. CH, p. 477). Sendo assim, amigês aproxima-se do significado de apathês, e até a linha a24 - “por isso, é razoável que tampouco ele seja misturado ao corpo” - o que está em jogo é a relação do intelecto com seus objetos. Só a partir deste ponto é que Aristóteles se ocupará da relação entre intelecto e matéria. Aristóteles apresenta agora um segundo argumento para provar que o nous é separável do corpo [a24-9]. Pois, se fosse misturado ao que é corpóreo, o nous seria dotado de alguma qualidade - por exemplo, teria uma certa temperatura - e disporia de um órgão corpóreo específico para o pensamento - e se o cérebro tem algum papel, para Aristóteles, este se liga principalmente à refrigeração do corpo. Msa isso não parece provar que o pensar independa de todo de eventos fisiológicos. Como ele mesmo havia apontado, se o pensamento requer imagens mentais, então nem mesmo ele ocorreria sem o corpo.


Se o intelecto fosse material, não poderia receber simultaneamente a forma do calor e a forma do frio; se fosse imaterial como a sensibilidade, mas dotado como ela de um órgão corporal, o estado desse órgão impediria de receber as formas em sua pureza e mesmo apanhar algumas delas, assim como a constituição física do tato o torna impróprio à percepção de certas temperaturas [...] (cf. CRod, p. 439).


Mas as implicações últimas do argumento talvez tenham sido captadas por Hicks: uma coisa incorporal pode ser dita per acidens misturada ao corpo, e essa extensão imprópria do termo mistura pode ser usada para denotar a união da forma e da matéria na coisa concreta. É nesse sentido que Aristóteles nega ao intelecto mistura com o corpo. Como parte da alma, o intelecto reside no corpo todo e usa-o como seu órgão. Se não exatamente “misturado ao” corpo, o intelecto é, em todos os eventos, dependente do corpo, sem o qual ele não poderia ser suplementado com imagens mentais. Deve ser, portanto, em relação a suas operações que estamos considerando a questão da mistura ou não-mistura com o corpo. A recepção das formas que constitui o pensar deve ocorrer sem a intervenção do corpo (cf. CH, p. 481).





429a29. A linha geral deste terceiro argumento seria a seguinte: um objeto perceptível muito forte atua sobre o órgão de maneira que tende a destruí-lo; se objeto inteligível, seu excesso produziria resultado similar. Mas não é o caso; logo, o intelecto é separável, isto é, existe independentemente do órgão físico.


Em suma, o intelecto deve ser não misturado a nada, já que pensa tudo. E assim, de acordo com Aristóteles, o intelecto é em potência tal como todas as coisas, mas, em ato, absolutamente nenhuma delas. A concepção do intelecto como pura potencialidade, nesse sentido, é uma consequência direta de sua ideia de que é possível pensar todas as coisas. Contudo, há pontos obscuros sobre o status do intelecto: como é possível que ele seja potencialidade de órgão nenhum, isto é, em relação a essa parte da alma, o que significa exatamente o termo noêtikon - intelectivo ou capaz de pensar -, se não é capacidade de um órgão corporal? “O melhor que se pode dizer é que a capacidade ou potencialidade em questão concerne ao homem todo e é dependente das outras faculdades que têm órgãos” (cf. CHa, p. 136).


Tendo apontado nesta primeira diferença - o intelecto não é capacidade de um órgão corporal -, Aristóteles mostra uma diferença em b6-10. Em relação ao intelecto, é preciso distinguir dois graus de potência: o intelecto, por um lado, é uma dynamis ou potência - por exemplo, no sentido em que toda e qualquer criança tem capacidade intelectual de aprender a ler por fazer parte do gênero humano. Mas o intelecto, por outro lado, também é uma potência no sentido de que é uma disposição ou habilidade intelectual adquirida que pode entrar em atividade tão logo o próprio sujeito que dela dispõe decida - por exemplo, como dizemos que tem potência para ler aquele que já foi alfabetizado, embora eventualmente não esteja no pleno exercício da leitura.


Em outras palavras, no caso do intelecto, a potencialidade se dá em duas etapas, as quais correspondem respectivamente a dynamis e hexis. No caso da percepção sensível, por sua vez, os animais já vêm “instruídos” pelo genitor [417a16 ss.]: e não precisamos aprender a ver para dispormos da visão quando quisermos. Porém, sem termos sido instruídos, não temos à nossa disposição, por exemplo, a habilidade de calcular ou ler.


Aristóteles distingue, ainda, potências irracionais - por exemplo, o quente é só capaz de aquecer - de potências racionais - por exemplo, a capacidade do médico de tanto pode curar como adoecer. A percepção sensível é uma potência irracional a medida em que é um capacidade para uma mudança natural em apenas uma direção dada. O intelecto é uma potência racional, pois é uma capacidade para opostos (por exemplo, tanto para o vício como para a virtude: e é por treino e atividade que se elimina a disposição de um deles e se reforça a outra).


A distinção dynamis/hexis/energeia é apresentada em Fis. VIII, 4, em Met. V, 20. A hexis é um substantivo formado a partir de verbo ekhô - ter -, e indica o ato de possuir. Se entre o que produz e o que é produzido encontra-se a produção [poiêsis], da mesma maneira encontra-se, entre o que tem e aquilo que é tido, a hexis ou ação de posse, a qual, por sua vez, é oposta à privação [sterêsis]. “Hexis, em um segundo sentido, é uma certa disposição [diathesis] segundo o qual se está ou bem ou mal disposto” [Met. 1022b10-4]. A saúde e a virtude são uma certa hexis.





429b10. Nesta segunda parte, está em jogo a distinção entre a intelecção da forma - que é levada a cabo pelos sentidos e pelo intelecto - e a intelecção, digamos, da essência e, para usar a locução empregada pelo próprio Aristóteles, “do que é ser o que é”, que é uma realização exclusivamente intelectual. Aristóteles lança mão da distinção entre a forma realizada na matéria e a essência, para mostrar que o intelecto é uma parte da alma separada das demais.


Alguns comentadores modernos tomam essa distinção como entre a coisa concreta - apreendida pelos sentidos - e a forma, essência ou quididade. Já que conhecemos a carne e coisas semelhantes pelo sentida e as formas ou quididades pelo intelecto, Aristóteles parece discutir a seguinte questão: são os sentidos e o intelecto diferentes ou é a mesma faculdade em atitudes diferentes? A diferença entre as duas faculdades foi assumida o tempo todo (e.g. 413b24 ss., 414b16ss.) com base no facto de que os animais possuem sensação, mas não intelecto. É possível que Aristóteles esteja retomando a questão, deixada inconclusa em 429a1l de saber qual é o tipo ou grau de separação entre o intelecto e o resto das faculdades. Poderia parecer que o intelecto é, depois de tudo, apenas os sentidos em uma diferente relação, pois algumas considerações favorecem tal visão. Ao longo do tratado, Aristóteles esteve sempre hostil à aceitação de distintas partes da alma e onde ele aceita isso como uma hipótese de trabalho é sobre protesto, como , por exemplo, em 432a22 ss. A unidade essencial da alma é enfatizada sempre [...]. Além disso, em outros textos, ele aproxima sentido e pensamento [P. Anal. 100a7, Met. 1087a19, EN 1143a35 ss.], cf. CH, p. 487.


Rodier tentou uma explicação diferente. Ele assume que carne é um termo ambíguo, pois se refere tanto (a) à carne particular, que é conhecida pelos sentidos, como (b) à carne universal, que é conhecida pelo intelecto. No caso (a), a carne e sua quididade são julgadas por duas faculdades diferentes; no caso (b) a carne e sua quididade são discernidas pela mesma faculdade, a saber, o intelecto em duas atitudes distintas. Cf. CRod, p. 448.


O fato é que nem os comentadores antigos, nem os modernos, conseguiram dar uma explicação satisfatória para esta passagem. A mais geralmente seguida é a de Themistius: para capturar as formas separadas, o intelecto se basta; para capturar as formas com a sua matéria, o intelecto precisa de percepção sensível. Quando o intelecto conhece as formas em si mesma, ele é simples como a linha reta, e quando ele captura as coisas - matéria e forma -, ele é composto tal como a linha quebrada, Cf. CRod, p. 445.


O mais correto, por conseguinte, será dizer que é a mesma faculdade que captura as formas puras e as formas realizadas na matéria, mas que ela não se comporta igualmente nos dois casos.





Na minha maneira de ver, a passagem é mais compreensível seguindo o sentido que lhe deram os antigos. A grandeza, a água e a carne - bem como o adunco - não são, parece-me, apreendidas exclusivamente pelos sentidos. A teoria aristotélica da percepção sensível é clara neste ponto: os sentidos recebem as qualidades que lhe são correlatas, como a cor, o som, a temperatura etc.; mas que algo é carne, grandeza, água, isto apenas acidentalmente se apreende pelos sentidos, e é o intelecto, por meio deles, que captura tais noções. A forma será, então, algo apreendido pela cooperação entre sentidos e intelecto. A forma, por sua vez, inclui certas características gerais, mas não é idêntica à essência (a forma do homem realizada em uma matéria determinada inclui, por exemplo, um certo sexo, que não é uma característica acidental da mesma natureza que ser um músico ou ser filho de beltrano). A essência do homem, por outra lado, exclui essa característica formal e é ainda mais abstrata. Ela é uma noção morfológica e compreende somente aquela características relevantes a uma explicação teleológica [Met. 1058b2; GA 778a29, b19; PA 640a33-b4].

viernes, 28 de septiembre de 2018

Puta fala daora:

http://webtv.un.org/search/malasia-debate-general-73°-período-de-sesiones/5841677314001

jueves, 27 de septiembre de 2018

jueves, 13 de septiembre de 2018

Pessoals, vou tentar me organizar para, junto com meus estudos atuais, começar a ler sobre marketing.

Vejam, o período eleitoral (mas a política como um todo) é muito sintomático. Idolatramos pessoas como Aécio Neves, Dilma Rousseff, Marina Silva, Jair Bolsonaro e Lula. Gente que que no dia a dia não seria notada por ninguém, se não fosse toda a publicidade em cima delas. Gostaria de saber se existem estudos sobre marketing a partir das psicologias evolutivas, etc e tals.

O marketing tem aparecido para mim como algo que indica de maneira bem forte o que somos como espécie.

lunes, 10 de septiembre de 2018

Eu tento ser realista mas sou um sonhador inveterado. Tento ser otimista mas sou um pessimista convicto

martes, 4 de septiembre de 2018

I want that all the my obligations I must do listening AURORA. The world would be more happier

lunes, 3 de septiembre de 2018

Carta aos humanos

O que aconteceu ontem no Rio de Janeiro foi um gravíssimo caso de injustiça. A completa destruição de mais de vinte milhões de artefatos - entre eles fósseis, vestígios antropológicos e documentos históricos - não foi somente uma perda de valor incalculável de patrimônio histórico e científico do povo carioca, fluminense e brasileiro, mas também foi uma enorme injustiça contra a história, a memória e a identidade dos diversos povos e civilizações que tiveram parte de suas culturas destruídas ontem no incêndio do Museu Nacional.
No qual constava mais de 90.000 artefatos produzidos por civilizações indígenas brasileiras - lá estavam TODAS múmias encontradas em solo brasileiro -, 1.800 artefatos das civilizações ameríndias - incluindo múmias dos Andes -, 750 peças de civilizações mediterrâneas, 700 itens arqueológicos de civilizações do antigo Egito, 700 objetos africanos e afro-brasileiros e um acervo proveniente de povos do oceano Pacífico - incluindo uma belíssima bandeja escupida em basalto vinda de Vancouver, Canadá.
E também uma irreparável injustiça contra o trabalho de inúmeros indivíduos, entre eles arqueólogos, antropólogos, paleontólogos, funcionários, estudantes de pós-graduação, enfim, cientistas, aventureiros e cidadãos de todos os tipos.
Esta extrema injustiça foi causada pela desimportância que nossa cultura, no presente, dá à sua identidade, história e memória como brasileira, americana e humana.

Pedro Possebon, Santo André, 3 de setembro de 2018

domingo, 2 de septiembre de 2018

Lista de livros sobre ética

SINGER, Peter Albert David. Writings on an ethical life

ARISTÓTELES. The Nicomachean ethics

BLACKBURN, Simon. Being good: a short introduction to ethics

Lista de cursos sobre ética

Tópicos de Ética e Educação

Course Lectures: A Course in Ethics

MGT610 Business Ethics

CFA Level 1 - 2017 - Ethics

Ethics Case study

OAB

Lista de livros sobre Lógica

SOUZA, João Nunes de. Lógica para ciência da computação: uma introdução concisa

- HODGES, Wilfrid Augustine. Logic. 2. ed. London, GBR: Penguin Books, 2001. 292 p. ISBN 141003146

BROOKSHEAR, J. Glenn. Ciência da computação: uma visão abrangente


HANDBOOK of philosophical logic. Edição de Dov M. Gabbay, F. Guenthner


HODGES, Wilfrid Augustine. Logic. 2. ed. London, GBR: Penguin Books, 2001. 292 p. ISBN 141003146


A PHILOSOPHICAL companion to first-order logic. Edição de R. I. G. (ED) HUGHES


KLINE, Morris. Mathematical thought from ancient to modern times


KNEALE, W C; KNEALE, Martha; KNEALE, William. The development of logic


MENDELSON, Elliott. Introduction to mathematical logic


WHITEREAD, Alfred North; RUSSELL, Bertrand; WHITEHEAD, Alfred North. Principia Mathematica


HILBERT, David; ACKERMANN, W.; LUCE, Robert E. Principles of mathematical logic

Biblioteca

Acabei de descobrir que na biblioteca na minha universidade o número de livros em português e em inglês é igual. OK já basta

sábado, 1 de septiembre de 2018

Lista de importantes jornais da América latina

- El Universal (México)





Lista de cursos sobre lógica

Cursos sobre lógica:

- Lógica Matemática

- Introduction to Logic (Cousera)

- Logic for Economists (Coursera)


- Introduction to Formal Logic


- Humanities - Introduction to Logic


- Digital Logic


- Logic Puzzels and Riddles


- Epistemic Logic


- Noções de Lógica


- Lógica Proposicional


- Curso de Lógica de Programação


- Uninettuno Logica Matematica


- Curso de Lógica de Programação


- Algoritmos e Lógica de Programação


- Lógica de Programación


- Lógica de Predicados


- Lógica e Matemática Discreta


- Tutorial de Lógica Matemática




Lista de canais no YT sobre línguas específicas

Dutch

https://www.youtube.com/user/DutchPod101/videos
https://www.youtube.com/user/1000DutchWords/videos

Czech

https://www.youtube.com/user/CzechClass101/videos

norwegian

https://www.youtube.com/user/NorwegianClass101/videos
https://www.youtube.com/user/Crienexzy/videos

finnish

https://www.youtube.com/user/FinnishPod101/videos

russian

https://www.youtube.com/user/AnastasiSemina/videos
https://www.youtube.com/channel/UCymAc4YKWYjDqNnLoK7m-2A/videos
https://www.youtube.com/user/vanilla167333/videos
https://www.youtube.com/user/weeklyrussian/videos
https://www.youtube.com/channel/UCyJznKYS9kkP7RWWq3YAbFw/videos

arabic

https://www.youtube.com/user/arabicpod101/videos
https://www.youtube.com/user/LearnArabicwithMaha/videos
https://www.youtube.com/user/StepByStepArabic/videos
https://www.youtube.com/channel/UCODocY1zzmorLGtWffXB87w/videos

hebrew

https://www.youtube.com/user/HebrewPod101/videos
https://www.youtube.com/user/eTeacherHebrew/videos

Chinese

https://www.youtube.com/user/sloppycheng/videos
https://www.youtube.com/user/learnchinesenow/videos
https://www.youtube.com/user/chineseclass101/videos
https://www.youtube.com/user/ChinesePodTV/videos
https://www.youtube.com/channel/UCPS5lOyQ2HfaYgapBV22H0A/videos
https://www.youtube.com/channel/UCgCrOLcWvSFl5K2ld0nKS7w/videos
https://www.youtube.com/channel/UCxkicNiYfGHIxAApQLw83Og/videos

japonese

https://www.youtube.com/channel/UCBSyd8tXJoEJKIXfrwkPdbA
https://www.youtube.com/user/YPlusShow/videos
https://www.youtube.com/user/japanesepod101/videos
https://www.youtube.com/user/yesjapan/videos
https://www.youtube.com/user/PuniPuniJapan/videos

korean

https://www.youtube.com/user/koreanclass101/videos
https://www.youtube.com/user/talktomeinkorean/videos
https://www.youtube.com/user/GoBillyKorean/videos
https://www.youtube.com/channel/UCcA88_Z7wQWMoQ9bKwjuanA/videos

Lista de listas essenciais

Lista de listas essenciais:

- lista de canais no YT sobre línguas específicas (feita)

- Cursos sobre lógica (feita)

- Livros sobre lógica (feita)

- Lista de livros sobre ética (feita)

- Lista de cursos sobre ética (feita)

- Lista de livros sobre filosofia política

- Lista de cursos sobre filosofia política

- lista de importantes jornais da América latina

martes, 28 de agosto de 2018

Otro curso sobre filosofía

Bueno, yo voy dejar aquí el link de otro curso que he encontrado. Esto es sobre filosofía politica:
https://oyc.yale.edu/political-science/plsc-114/lecture-1

viernes, 17 de agosto de 2018

Éticas filosóficas

Conheci um curso de ética filosófica (digo no plural porque o currículo coincide na exposição de uma série de correntes filosóficas). O curso é em francês, mas é muito fácil de entender e há legendas em inglês.
Este é o link do curso: www.coursera.org/learn/ethics

Éticas filosóficas

He conocido un curso sobre éticas filosóficas (lo digo en plural porque el currículo coincide en la exposición de una serie de corrientes filosóficas). El curso es en francés, pero es muy fácil de entender y hay subtítulos en inglés.
Este es el enlace del curso: www.coursera.org/learn/ethics

Éthique philosophique

Je avez rencontre un cours sur les éthiques philosophiques (je en dit on plurel parce que le curs conciste en le exposition de une serie de currentes philosophiques). Le cours est en français, mais est trés facile de comprendre et il y a sous-titre en anglais.
Cette est le link de le cours: www.coursera.org/learn/ethique

domingo, 12 de agosto de 2018

O que é Pessimismo

Pra quem não, o pessimismo é uma espécie de filho adolescente do ceticismo
Pedro Possebon Santo André Douze Août Deux mille Dix-huit

Poincaré (2)

O Poincaré iniciou um parágrafo assim "Sem dúvida o leitor ficará assombrado [...]". Eu já me tremi aqui nas minhas pernas

Poincaré

eu queria muito ser amigo do Poincaré

sábado, 11 de agosto de 2018

O problema é a eterna necessidade de um hegemon. Uma união dos povos eslavos do sul é super bem vinda, se não for simplesmente uma forma da Sérvia dominar o poder de todas as nações. Os Beatles também não queriam ser a banda do Paul McCarteney - acho que é um bom exemplo. Um bom exemplo de confederação é a Suíça, não tem uma capital, e a legitimidade dá-se por referendos. Isso é necessário num estado plurinacional, referendos e multipolaridade (não ser um sistema unipolar no qual uma região seja a manda chuva de tudo). Gosto desse tema, estou procurando tema para uma IC, posso falar sobre isso.
acabo que perceber que o William Morais tinha praticamente a minha idade quando foi assassinado

sábado, 14 de julio de 2018

Primeira citação do porra do Sloterdijk, a novela de Balzac "Un épisode sous la Terreur"
Para Popper una lógica que necesita de principios que cuando negados san validos

exemplo de dedutiva "todos los calvos son sin pelo"

critica: la vision de Popper es, del punto de vista de la logica, cerrada

postular uma crítica intuicionista

sem ser verdadeiro ou totalmente provada

e aqui Popper monta uma argumentação muito semelhante com a de Newton da Costa na introdução de seu ensaio sobre os fundamentos da lógica

Diferenciar experiências subjetivas e relações objetivas