sábado, 24 de febrero de 2018

Sobre o Humor II

Quando eu digo “quero morrer dormindo, calmo e sereno como meu avô”. Esta sentença representa um momento no qual delimito qual é meu sonho de falecimento.
Aqui é bom nos lembrarmos da forma como os lógicos entendem uma proposição (obviamente, naquelas lógicas que não levam em consideração o tempo), ou seja, uma foto, uma imagem de um momento no qual é dado esta sentença.
Agora, quando complementamos esta proposição com a sua contrária, ou seja, a forma como este indivíduo NÃO quer morrer, temos “não desejo morrer gritando desesperadamente como os passageiros do ônibus que ele dirigia”.
Agora temos a punch line da piada e devemos observar esse segundo momento gerado por ela. Uma segunda cena que contrasta com a primeira, gerando graça.
A piada é este movimento de embate e contraste entre ambas as narrativas produzidas por cada imagem que constitui a piada.
Este é um movimento de oposição e choque, que gera quase que uma contradição – se não de fato uma contradição ipsis litteris.
A graça é o produto desta contradição. Num esquema Descrição (primeira imagem) – Redescrição (punch line) – Graça.
O humorista é capaz de tomar consciência de da descrição e redescrição ao mesmo tempo e apropriar-se da graça que é a finalidade de qualquer piada. Nesta que é claramente uma estrutura triangular na qual as narrativas contraditórias formam uma caixa de ressonância, como uma bolha que explode em risadas.
Nesta caixa de ressonâncias é perceptível a interpenetração entre contradições, esta interpenetração gera a graça.
Se o Sloterdijk diz “só quem é suspeito de ter segundos pensamentos pode efetivamente ser considerado sujeito”. Eu direi “só quem é capaz de suportar narrativas contraditórias poderá ser humorista”.

Sobre o Humor I

Sempre que realizamos uma mudança de casa produzimos caixotes de mudança. O problema inicia-se quando estes caixotes são esquecidos na casa nova e tornam-se parte do ambiente.
Este é o cenário de uma casa limpa, com móveis reluzentes de tão novos, porém com o destoante fato desta casa, em seu âmago, conter uma quinta coluna de caixotes da velha casa.
Após a descrição deste cenário, passo a explicar porquê trato o humor como uma técnica.
Só algumas saídas para o cenário montado. Dentre elas, uma “teológica” e outra técnica. O Humor é a saída técnica.
Se o proprietário desta casa convidar um conhecido para visitar-lhe, a tal visita certamente notará que há caixotes jogamos do meio da casa. Porém, esta percepção foi feita por um agente externo e, não é esse tipo de agente que estamos aqui investigando. Isto não tem nada a ver com o humor que aqui descrevo, por mais engraçado que seja você visitar a casa de um conhecido e deparar-se com caixotes. O Humor que investigo é o humor do hábito, ou seja, aquele produzido por um agente parte do ambiente estranhado.
Em outra solução, temos o novo morador convidando alguém que ama. Poucos momentos após o convide, quando o morador passa a planejar as preparações para a ilustre visita. O próprio morador apercebe-se de que tem caixotes espalhados pela casa inteira. Neste cenário temos o estranhamento experienciado pelo próprio habitante. Porém, o agente causador do estranhamento é exterior. Nesse caso, chamo o estranhamento de teológico porque fora produzido por um outro, talvez um deus ou demônio. Talvez o próprio Eros. Mas não foi o habitante que gerou por si só este estranhamento.
Assim, este não é o Humor do qual falo. Por mais que hajam que saibamos que boa parte do humor produzido pelo homem é involuntário. Este humor “involuntário” é causado mais por processos inconscientes inerentes à própria condição humana do que a qualquer deus ou anjo que pudessem incutí-lo.
O terceiro caso que aqui exponho é certamente o mais próximo do que chamo de Humor. O humorista que aqui chamo é aquele homem que produziu-se através das técnicas humorísticas. É aquele ser que fez da experimentação e repetição de várias e variadas técnicas humorísticas o seu métier.
Este homem-produto-da-técnica a quem chamo de humorista é capaz de sempre, permanentemente, perceber e estranhar-se com a presença dos caixotes. É aquele que continuamente os nova, mesmo com o tempo os tornando esquecíveis e desprezíveis. Para o humorista, os caixotes sempre estão lá porque ele tem a capacidade de ver e estranhar continuamente.

Livros - Filosofia

Memoráveis - Xenofonte
Nietzsche
Novum Organum - Francis Bacon
Devaneios dum caminhante solitário - Jean-Jaques Rousseau
Ensaios - Montaigne
Confissões - Agostinho
Cidade de Deus - Agostinho
Discurso sobre o método - Descartes
Paixões da Alma - Descartes
Meditações Metafísicas - Descartes

miércoles, 14 de febrero de 2018

Meus projetos

Meus projetos:

Empirismo: Bacon, Locke e Hume.
História da filosofia política: Platão, Aristóteles, Agostinho, Aquino, Maquiavel, Bodin, Hobbes, Locke, Montesquieu, Rousseau, Kant. E contemporâneos: Rawls, Nozick, Arendt, etc...
Renascentistas: Erasmo, More, Montaigne, Copérnico, Kepler, Galilei.
Platão e suas leituras: corpus platonicus et ad infinitum.
Contemporâneos: ad infinitum, etc...
Pragmatismo e Neopragmatismo: W. James. J. Dewey. C. S. Pierce, W. V. Quine,  R. Rorty, H. Putnam,

Meus interesses

Meus interesses:

Autores:

Platão.
Agostinho.
Descartes.
Kant.
Nietzsche.
Wittgenstein.

Campo:

Filosofia política. Antiga, Medieval. Moderna e Contemporânea.